O ano chega ao fim

... Quando sentimos que marcamos a diferença, nem que seja apenas por uns breves segundos, nem que seja apenas numa única vida... sentimos que valeu a pena.

Hoje foi o meu último dia do ano comum. Estou (estive) na equipa fixa do serviço de urgência de pediatria do HGO. Foi uma experiência curiosa, com os seus altos e os seus baixos, tal como outra experiência qualquer, dentro ou fora da vida profissional. Não me marcou por aí além, afinal passar os dias a ver ranhos e diarreias não é propriamente o mais estimulante que se faz dentro de um hospital, mas foi o que fiz durante as últimas semanas. Espreitei para ouvidos e gargantas, palpei barriguinhas, vi olhinhos, vi xixi's, fizeram-me xixi'x para cima (eu detesto rapazinhos de fraldas às vezes...), aturei choros e gemidos, medos e mimadices, dos filhos e dos pais... enfim. Giro um dia, chato 5 dias, saturante 10 dias... :)

Mas hoje (tinha de ser no meu último dia, talvez estivesse um pouco sensibilizada por isso), senti que marquei a diferença... Em vez de despachar uma mãe por uma razão perfeitamente absurda para trazer uma criança a um serviço de urgência hospitalar (mais do que o habitual), decidi ocupar-me 2 minutinhos a falar com ela antes de lhe pregar com o raspanete do costume ("sabe, isto é uma urgência... para casos URGENTES...!"). E como me surpreendi nesses 2 minutinhos de conversa... Ouvi um pedido de ajuda entre os mais perfeitos disparates... e espero (muito sinceramente) ter conseguido ajudar. Pode ter sido uma ajuda pequenina. Pode ter sido um simples alertar a chefe de equipa. Mas também pode ser que tenha marcado a diferença. Pelo menos, abdiquei da minha hora de almoço para tentar fazê-lo. :)

E foi o meu último caso enquanto interna do ano comum.

... Para o ano há mais! :)