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Nunca o Mogadouro viu tanta gente num dia só!

As minhas origens paternas estão no concelho de Oleiros. O meu pai nasceu numa terra chamada Mougueiras de Cima, numa casa de pedra com 2 divisões - o quarto e a cozinha. Era a terra do meu avô paterno, onde os meus avós decidiram ir viver. A minha avó paterna tinha nascido ali bem pertinho, a uns 3 km a pé para quem conhecia os trilhos pelo meio dos pinheiros, numa terra chamada Mogadouro. A tia Adelaide, irmã da minha avó, disse-me ontem que quando ela era mais nova o Mogadouro chegou a ter 50-60 habitantes! Hoje em dia tem apenas uma habitante, e só no verão, que "os invernos já custam muito por causa do frio".

Por iniciativa duns primos do meu pai, ontem realizou-se o Primeiro Encontro de Nascidos e Descendentes de Nascidos no Mogadouro. Lançou-se o convite no facebook, e por telefone a palavra espalhou-se até aos ouvidos da tia Emília, que já tem 98 anos e provavelmente nunca ouviu falar desta rede social, mas que não se atreveu a faltar a tamanho evento.

E foi assim que o Mogadouro, terriola de uma habitante apenas, se encheu com 150 pessoas. Estenderam-se toldos entre as árvores para fabricar sombra, puseram-se tábuas em cima de cavaletes para fabricar mesas, e acenderam-se os fogareiros. Houve churrasco, houve filhóses e claro, pinga também não faltou. O João até levou a sua concertina e pôs a malta a dançar!

Adorei!

Para o ano, quero mais! A comissão organizadora do Segundo Encontro de Nascidos e Descendentes de Nascidos no Mogadouro já está nomeada. E foi assim que o Mogadouro, terra condenada a morrer, renasceu! E no processo iniciou uma tradição durante muitos anos que ainda estão por vir. =)


Mogadouro Ontem

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O que vai na alma

O sr. Luis vai morrer.


Foi-lhe diagnosticado um carcinoma hepatocelular há 4 anos. 

Quando soube da notícia, enfrentou-a com coragem, e decidiu que iria viver ainda mais. Pegou na esposa e com ela fez uma viagem *daquelas*, conseguindo encaixá-la na agenda preenchida de consultas, cirurgias, análises e sabe-se lá mais o quê. 

Quando entrei no internato, estava ele na fase inicial da sua luta. Uma pessoa com vontade de viver, que não se deixava ir abaixo, uma família extraordinária. Entretanto iniciei estágios hospitalares, continuei o meu processo de aprendizagem... e confesso, perdi o rasto ao sr. Luis. 

Ele continuou com os tratamentos. Em Dezembro do ano passado, tomou a decisão difícil de suspender quimioterapia. Afinal, estava a prolongar-lhe a vida... mas que vida? Hospitais, consultas, vómitos e cada dia pior que o anterior. Para quê? Parar seria a solução. E a familia, extraordinária como é, apoiou. 

Calculava-se que não durasse muito tempo. Mas já lá vão 9 meses, e o sofrimento continua. Fui hoje fazer-lhe uma visita ao domicílio. Ai, seria aquela pessoa emagrecida e ictérica, ascítica e praticamente imobilizada, com olhar triste e apagado... o sr. Luis que eu conhecera previamente? A aguardar a morte, a desejar a morte... a própria família a ver a morte como um modo de libertação. Não falámos muito, o olhar vazio interompido por lágrimas fizeram a conversa toda. 


... Decididamente, sou a favor da eutanásia. Ninguém merece tal castigo ....

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