Bah, humbug!

Não tenho pachorra para prendas. Não tenho pachorra para decorações. Não tenho pachorra para o chinfrim das pessoas carregadas com sacos e enfeitadas com sorrisos forçados. Não tenho pachorra para crianças aos berros, com lágrimas nos olhos porque a secção de brinquedos é demasiado apelativa, e os pais são demasiado rabugentos para entender tal coisa. Não tenho pachorra para sapatinhos à beira da lareira à espera do menino Jesus, nem sequer pachorra para tentar adivinhar o conteúdo dos embrulhos que se amontoam.

Apetecia-me antes um Natal tranquilo. Sem enfeites, sem alaridos, sem grandes preocupações... simplesmente uma lareira com um tronco grande a arder, um almoço/jantar de família banal, e pronto. Nada de mais. Nada de fernicoques porque o perú esturricou um pouco mais, nem ataques de pânico porque a árvore não está perfeita. Sem os guinchos e os resmungos, resultado das pressas intermináveis que rodeiam estes dias.

Apetecia-me neve.

E um bom livro.

E jogar às escondidas com o meu sobrinho, ouvir as suas gargalhadas despreocupadas.

E uma caneca com chocolate quente, bem espesso.

E a família à volta.

Só isso....

Pode ser que eu ainda tenha sorte. Pode ser que o Grinch passe por aqui e roube o Natal que aqui se vive. Pode ser que, nessa altura, o meu espírito natalício volte... e, quando ele voltar, pode ser que ainda não tenham desistido de mim, e que haja ainda uma prenda com o meu nome debaixo da árvore para eu abrir com o entusiasmo com que sempre abri as prendas nesta altura do ano.