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Querido Pai Natal

ok. Então aqui vai algo que já não fazia desde os meus 8 ou 9 anos:

Querido Pai Natal,

Aparentemente, o mundo que me rodeia está em crise. Parece que toda a gente está descontente com tudo e que a desmotivação geral é grande. Pois bem, eu estou a escrever para dizer que não aceito isso. Não aceito a crise. Não no dia 25. Ponto.
Portanto, a ideia é que este ano eu VOU ter Natal. Não um Natal qualquer, mas sim um Natal equivalente àquele quando eu tinha 10 anos, quando o meu pai sorrateiro colocou as prendinhas todas debaixo da árvore mesmo antes de a gente saír de casa naquele dia 24, e quando regressámos já no dia 25 era como se tu tivesses lá passado e enchido a nossa sala com coisas lindas. E foi Natal! Talvez não pela quantidade de prendas, mas pela felicidade que pairou no ar entre pais, filhos e irmãos naqueles momentos a seguir.  Já me arruinei um bocadinho com árvores e bonecadas, já comprei uma flor do Natal para pôr lá fora na minha varanda, já me arruinei um bocadinho mais com prendas para este e para aquele, e já comprei o papel de embrulho e os lacinhos para enfeitar a minha árvore de Natal com elas. Estou a esforçar-me para ter um Natal equivalente àquele que ainda me está fresco na memória.
Mas adiante. Aparentemente, há quem tente arruinar os meus planos. Roubam-me a casa, levam-me metade do subsídio de férias, e ainda tenho de aturar gente que não tem mais nada que fazer da vida se não chagar-me o juízo.
Pois bem, eu estou aqui para dizer que, basicamente, não quero saber.
Se existisses de verdade, ficaria a acreditar piamente que no dia 25 ía ter um pianinho, aquela prenda que eu tanto queria este natal, ali naquele cantinho da minha sala pronto a ser estreado com uma música qualquer que eu já mal sei tocar por tantos meses sem tocar.
Mas estou desconfiada que tu não existes, e que a tua lenda só durou este tempo todo porque todos nós, seres humanos, nos esforçamos para recriar aquilo em que acreditámos enquanto éramos pequeninos e para iludirmos ao máximo os que são agora pequeninos, porque essa ilusão foi das melhores que tivemos. No entanto, não vou ficar de braços cruzados à espera do meu piano.
Não, Pai Natal. Recuso-me. Recuso-me a ficar à tua espera num ano de crise quando o mundo está a colapsar e a vida prega partidas desagradáveis. Porque se for verdade que não existes, então também é verdade que vou ficar desiludida. E isso não pode acontecer. Chega de coisas más.
Portanto, vou comprar o meu pianinho. E vou tocar nele. E se calhar nem vou esperar pelo Natal.
E se tudo correr bem e tu existires, Pai Natal, tu vais lembrar-te de outra coisa qualquer para me oferecer. Algo que nem eu tenho consciência que quero mais que o dito pianinho.
O que estou a tentar dizer, Pai Natal, é que este ano não vou pedir nada. Vou eu tratar de tudo e assumir a responsabilidade. Mas se ainda assim achares que eu mereço uma prendinha da tua parte, então surpreende-me. E traz-me algo de especial.
Algo que me faça sentir novamente como se eu tivesse 10 anos, e fosse Dia de Natal.

Ana





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