Ninguém

Eu podia ser alguém.

Podia ser artista, pintora ou escultora, pianista de profissão...
Podia dedicar-me a escritas publicáveis, inspirada em musos e musas, contos e histórias, inventar personagens cheias de moral.
Podia pegar em calculadoras, tornar-me matemática ou engenheira, réguas e traços, arquitecta ou cientista.
Podia antes ser filósofa, pensar nas coisas da vida, ou na vida das coisas...
Ou podia simplesmente deambular pelas ruas, ver pessoas a correr à minha volta, e eu sem sítio para onde ir.
Podia transformar-me em mil e uma coisas...

... Em vez disso, tornei-me Eu. Transformei-me em Mim. Este simples ninguém. Ninguém que sonha e que faz, que dorme e acorda, que trabalha e goza a vida, que fala e fica em silêncio.

Ninguém que, lentamente, se vai tornando naquele Alguém que sonha um dia vir a ser.

:)