À distância da eternidade,
A Terra é um imenso formigueiro
De espécies convencidas de imortalidade,
Mas que duram apenas um dia inteiro
De todas elas, a mais peculiar
Será a bípede de aspecto simióide
Que antecedeu a artrópode polar
E reinou após a titânia sauróide
Pouco sabemos a seu respeito, e tudo o que temos é curiosidade
De determinar o defeito que a ceifou em tenra idade
Tinha raciocínio de construtora e capacidades de manipulação
Mas natureza de predadora, talvez seja essa a razão
De ter usado o planeta sem mente, rumo a um destino fatal
Embora fosse a primeira inteligente, enquanto espécie não era nada de especial
Uma civilização comunica pelos desperdícios, uma espécie de organismos
Desta restam apenas indícios de pedra, plástico e mecanismos
Que outrora abundaram em demasia, sintomas de caos e desperdício
Fizeram da descoberta, teimosia, e da tecnologia, vício
Sem controlar as hormonas em ebulição, perderam-se em actos de amor e violência
Prova de que a animais de criação não se concede o dom da inteligência
Em breve faria Gaia a rasura que apagaria tão fracassada iniciativa
Esperaria milénios para a cura e depois nova tentativa
Desaparecida e enterrada se encontra, a pequena espécie valente
Que tentou cometer a afronta de espalhar por outros mundos a semente
Pois, também na ambição pioneira, havia sonhos de planetas e estrelas
Mas como lição derradeira não os tiveram a eles nem a elas
O erro não voltará a ser cometido, pertence agora só ao passado
E a espécie, cujo nome foi esquecido, vive apenas na alma de um sonhador cansado.
(Luis Filipe Silva, in Linhas Cruzadas)
Hora da sesta
10 years ago
3 comments:
Obrigado por recuperar o poema. Já lá vão quase dez anos...
Cumprimentos
LFS
http://blog.tecnofantasia.com
oh inveja
grrrrrr....
Agradece-me por eu ter recuperado o poema... eu agradeço-lhe por o ter escrito. :)
Post a Comment