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Afinal de contas

Aaaaah, os primeiros dias de férias depois do regresso ao trabalho. 


Afinal não foi tão mau assim regressar à vida "normal". Confesso que chorei enquanto estava a ir para o trabalho, mas uma vez chegada lá, pus-me a trabalhar.... e foi fantástico. Sentir-me novamente eu! E o trabalho foi tanto que nem dei pelo tempo a passar. Quase de repente já estava de volta a casa e a Margarida lá estava à minha espera com um sorriso lindo!

Entretanto estes dias com a avó têm-lhe feito muito bem - transformou-se numa menina que se senta, adora comer tudo (incluindo a sopa!), palra pelos cotovelos e adora brincar com os primos. A minha bebé recém-nascida vive apenas só nas memórias que ficaram, pois está a crescer a olhos vistos, e eu estou a deliciar-me com cada nova capacidade que ela ganha. 

Agora o problema é outro - arranjar um disco suficientemente grande para albergar com todas as fotografias e todos os filmes que tenho destes primeiros seis meses da minha bomboca! 

:) 

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É já amanhã...

Amanhã farei parte do mundo das mulheres que para além de mães são também trabalhadoras. Não o nego - estou com medo.

Olho para o meu novo horário e entristeço-me ao ver todas as horas que vou estar sem a minha pequena, ainda tão bebézinha e tão carente dos meus mimos e atenção...

... como irá isto correr? É a pergunta que me assombra já há alguns dias.

Não é dramático, ela fica com a avó. E ela adora a avó! E já come pela colher e até já bebe o leitinho pelo biberão (coisa que se recusava a fazer há uns dias atrás....). Provavelmente custa-me mais a mim do que a ela. Mas é verdade - custa. E muito.

Ainda não me afastei, e já morro de saudades.

Como irá isto correr?

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Está a crescer!

Come a papa, Mimi come a papa
Come a papa, Mimi come a papa, Mimi come a papa!

Um doi três, uma colher de cada vez
Quatro cinco seis, uma história de reis... E mais uma colher de papa!

:))

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Regressando à vida real

Aaaaiiii, voltar a trabalhar.... Ainda não foi hoje, mas está para breve. E o meu coraçãozinho de mamã está já pequenino, cheio de saudades da bomboca cá de casa.

Há uns tempos atrás, mais precisamente em Maio (uns dias antes da Margarida nascer), quando reflectia sobre o como seria estar 5 meses inteiros sem trabalhar... pensava honestamente que iria chegar ao fim da licença completamente farta de estar em casa. Afinal, já desde os 6 anos de idade que o máximo de férias seguidas que tive foram 3 meses. E nessas alturas, quando Setembro chegava estava já deserta de regressar ao "trabalho" (à escola, portanto). E agora não seria diferente, pois iria começar a trabalhar num local novo, com uma lista de utentes e um gabinete só para mim... a minha motivação para regressar ao trabalho deveria ser bombástica.

... Mas não. Nessas minhas reflecções, esqueci-me sempre de um pormenor importante. Os 5 meses que tinha pela frente na altura não eram férias. Eram, isso sim, o início de uma nova etapa de vida.

Há uns tempos atrás, mais precisamente em Maio (uns dias antes da Margarida nascer), desconhecia vários pequenos prazeres: acordar com os olhinhos sorridentes de uma criança palrante logo pela manhã (às vezes às 05, outras vezes às 06, e  nos dias de grande sorte já a passar das 08:00!); brincar com os pés dela na muda de cada fralda; dar de mamar com toda a calma e tranquilidade como se nada mais houvesse para fazer; passear com ela no parque e vê-la a descobrir o mundo pela primeira vez.... esses pequenos prazeres que só as mães compreendem verdadeiramente, porque são eles que no fim de cada dia apagam os nervos e a irritação (frutos da privação de sono e das birras e dos gritos e sabe-se lá mais o quê) e nos fazem adormecer com um sorriso. São esses pequenos prazeres que queremos guardar bem na memória, porque sabemos que não duram para sempre.

E agora, começar a preparar o regresso ao trabalho (leia-se trabalho remunerado, porque estou convicta que nunca trabalhei tanto como nestes últimos meses). Aproveitar a hora da sesta para rever as matérias que entretanto foram enferrujando na memória, visitar o futuro gabinete e pensar como o tornar funcional e ao mesmo tempo agradável, ir às reuniões de serviço... Sabe bem, não vou dizer que não... Mas ao mesmo tempo...

Nem sei explicar.

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Três cordas de roupa... e meia

Hoje bati o record pessoal de roupa estendida. Estendi nada mais nada menos que as 3 cordas de roupa completas (algo que é raro acontecer)... e nem assim chegou. Foi preciso ir buscar o Hércules (o estendal de chão que tenho para os dias de chuva... chama-se assim porque era isso que dizia no pacote quando o comprámos, e o nome ficou) para acabar de estender o restinho que faltava. E ainda bem que esse restinho foi estendido dentro de 4 paredes, porque não esgotei apenas as cordas do estendal, esgotei também as molas! Inédito!

E como é que isto aconteceu? A "culpada" é, como não poderia deixar de ser, a Margarida.

Pois é, sempre ouvi dizer "eles sujam até 3 fatos por dia!" ou "fraldas de pano nunca são demais!", e ainda o "só 10 babetes?! isso não te vai chegar!". Comprova-se, tudo isso é verdade. Sobretudo quando se vai passar uns dias fora de casa, onde lavar roupa não é assim tão fácil. Portanto, uma semana e meia de roupa de bebé suja acumulada = esgotamento de estendal e de molas! Lição aprendida!

O que me vale (ou antes, o que vale à Margarida) é que, depois de tanto aconselhamento, a mãe comprou muitos mais babetes  e muitas fraldas de pano, de modo a que a situação não se tornasse crítica. Caso contrário, teria ficado sem roupa a meio das férias... o que nos vale é que é Verão e andar só de fralda não é descabido. Mas não foi preciso recorrer a esses trajes menores...

... Caso para dizer, mãe prevenida vale por duas! :)


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Mãe vs. Médica

Quando o meu primeiro sobrinho nasceu, a minha cunhada estabeleceu como critério de escolha da pediatra que o iria acompanhar o facto da médica ter de ser mãe. Um mês depois de ser mãe, compreendo o porquê.

Há tanta, mas TANTA coisa que nem os livros nem os estágios ensinam. É assustador. Sou mãe há um mês apenas, e se amanhã fosse fazer uma consulta de saúde infantil não tenho a menor dúvida que aconselharia os pais de maneira diferente apenas pelo facto de já ter passado pela experiência também. Pelo menos os pais de recém-nascidos. A verdade é que a prática nem sempre se resolve com a teoria, e a teoria, em certos casos, apenas está lá para incomodar certas práticas ditadas pelo bom senso.

Gosto sobretudo da minha (in)capacidade de balançar os meus conhecimentos de médica com os meus medos de mãe. Como a primeira vez que vi a minha filha bolçar sangue, que por sinal foi durante o período nocturno - porque é que tudo fica mais assustador no silêncio/escuridão da noite? Admito que apesar de me vir à cabeça o tão banal "ah, não te preocupes, isto são apenas os teus mamilos gretados, não há nada de errado com a criança", não consegui evitar a taquicárdia, a aflição momentânea, e a fatídica vozinha que teimava em fazer-se ouvir - "e se não for?!". Ou a ralação mais recente deste fim de semana - "será que está com calor?!" e dispo-a. Dez minutos depois - "Será que está com frio?!" e visto-a. Passado algum tempo "não, decididamente está com calor" e dispo-a novamente. A esquizofrenia imposta pela onda de calor quando se tem uma criança de um mês em casa. Ou ainda o tão pouco importante "mas como é que eu limpo estas pregas todas de modo a que não acumulem lá restos de leite parcialmente digerido?!" numa criança que se contorce com cócegas (?... espero eu que sejam cócegas e não dor!) sempre que eu tento limpar o pescoço. Que é algo que tento fazer depois de cada mamada. Juro que tento. Mas tenho plena consciência de que a técnica precisa de muito aperfeiçoamento.

Enfim. Decididamente, compreendo o critério da minha cunhada. Isto de ser mãe não é fácil, mesmo quando se conhece a teoria. Ou, pelo menos, quando se pensa que sim.


P.s. -verdade seja dita, nunca antes me senti tão preparada para aconselhar mamãs com mamilos gretados! :)

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De coração quentinho

Sou uma mãe babada. Afirmo-o com 100% de convicção (e com a certeza de ter razões para isso)! :) Portanto, como mandam as regras, as mães babadas aproveitam toda e qualquer ocasião para falar das conquistas dos seus filhos. E, sendo eu cumpridora das regras correntes, aqui fica o relato da conquista de hoje.

Estava eu a falar para a minha filhota sobre tudo e nada ao mesmo tempo (é difícil arranjar conversa para manter entretida uma criança que não nos responde de volta... o que me leva a relatar tudo o que vou fazendo com o maior detalhe e a voz mais entusiasmada que consigo produzir), enquanto ela me olhava de olhos bem arregalados (a duvidar da minha sanidade mental?). Nisto, fico sem conversa durante uns segundos, o que levou a um silêncio momentâneo. O que aconteceu de seguida derreteu-me o coração. De olhos bem abertos e a fixar os meus, vai a boquinha da minha filha e esboça um lindo sorriso desdentado.

Durou um segundo, talvez nem tanto. Mas este coração derretido vai-me acompanhar ao longo do resto do dia.

:)

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2 semanas

Já lá vão duas semanas, que passaram e eu não dei conta.

Estas duas semanas caracterizam-se sobretudo pela aprendizagem: desde a melhor forma de tratar mamilos gretados até técnicas infalíveis para acalmar uma criança que chora sem saber qual a razão, desde o quanto custa recuperar duma episiotomia até como mudar uma fralda de forma a não levar com um cocó projectado, desde os exercícios para combater a diastasis rectis característica do estado pós-gravídico até as 1001 maneiras de fazer as tarefas do dia-a-dia apenas com uma mão (pois a outra está ocupada a tratar de um recém-nascido).

Apesar da curva de aprendizagem estar no seu declive máximo, ainda há tempo para contemplar este pequeno ser que se juntou à nossa família. Duas semanas transformam um recém-nascido de tal forma que nos custa acreditar que tudo aconteceu num espaço de tempo tão curto. As bochechinhas estão mais redondas, a pele está mais clara, o banho já não implica um choro desalmado, e as unhas já cresceram a ponto de terem de ser cortadas. As expressões faciais mantêm-se, apesar de estarem em alteração constante. Não me canso de admirar esta menina....

Tenho saudades da barriga. Tenho saudades do primeiro momento que conheci a pequena. Aguardo ansiosamente para saber qual a novidade que o amanhã vai trazer.

É estranho. Mas maravilhoso ao mesmo tempo. :)

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"Mãe"

Desde dia 13 de Maio de 2014. 


Já passou uma semana, e que semana repleta de emoções! Um amor como nunca senti, aliado a uma preocupação/ansiedade que transcende o racional, e que me leva a ter dúvidas sobre todas as mais pequeninas coisas que saem fora do normal. E que me levam a considerar que potencialmente... enlouqueci!

Baby blues? Nem vê-los.... "Baby pinks", isso sim! Vivo com uma felicidade que me faz superar todas as maleitas características do pós-parto. Sonho acordada com o nosso futuro, como vai ser o primeiro sorriso, a magia da primeira vez que ouvir a palavra mamã, a primeira papa, os primeiros passinhos, o primeiro dia de escola... Recordo com um sorriso o passado recente - a entrada na maternidade, as longas horas a contemplar o CTG interminável, aqueles minutos que ficaram parados no tempo a seguir ao nascimento em que as emoções viraram um turbilhão e chorei e ri em simultâneo, o assistir à transformação duma pessoa que vestiu pela primeira vez a camisola de "pai". Foram dias intensos. Muitas emoções. Mas nada de baby blues.

Estou contente. Muito contente. 

Estou apaixonada. Outra vez. :) 




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Esta coisa de esperar

Não gosto de não saber o preciso momento em que vou entrar em trabalho de parto. Não gosto desta ideia de não poder planear em condições o dia de amanhã na incerteza o que acontecerá nas próximas horas. 


Eu sei que nunca mais vou poder controlar a minha vida como controlei até aqui (pelo menos não nos próximos anos).... mas nunca me tinha apercebido que essa perda de controlo se iria notar ainda antes da criança nascer. 

E tenho dito. 

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A vida depois do exame

Não quero estagnar. Nunca quis, e não ía ser agora que me iria render à estagnação, por mais confortável que ela seja.

Confesso que desde o exame, o máximo que fiz foi pegar nas folhas soltas e nos dossiers e artigos espalhados, empilhá-los numa prateleira, virar costas e pensar "um dia trato de vos organizar". Nunca mais li nada, nunca mais sequer quis ouvir falar de nada que tivesse a ver com matéria. No computador continuam os 1001 documentos desorganizados espalhados pelo desktop e pelas pastas "downloads" e "documents", e ainda não tive coragem de abrir estas pastas... aliás, nem tenho vindo ao computador sequer, a não ser para brincar com o facebook ou entreter-me a navegar por páginas na net sem interesse absolutamente nenhum.

Confortável? Sim. Rentável? Não.

Pois tem que acabar. Tenho de organizar o computador, tenho de fazer frente à maldita estante e ao escritório, e tenho de recomeçar a ler coisas úteis. Estagnar é que não.

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Nesting

Traduzido para português, seria "aninhar" (sim, tal como os pássaros fazem o ninho de novo para receber os seus ovinhos). Aparentemente, é muito frequente quando se passa pelas últimas semanas/dias (?) da gravidez. A natureza trata de combater a moleza inerente a este período da vida, fazendo com que inventemos trabalho onde, se calhar, ele não existe. E isso dá connosco (e com os nossos respecivos) em loucos.

Passo a explicar:

Entro na cozinha, e penso que devia limpar os armários todos por dentro, e já que estou a pensar fazer isso, porque não reorganizar os armários todos?!

Entro no quarto, e penso que se calhar não era má ideia tirar as coisas todas debaixo da cama, e limpar esse chão que nem uma doida, e já agora pôr o colchão para lavar numa lavandaria algures.

Entro na despensa, e apetece-me chorar tal não é a desorganização que para lá vai (e que até agora nunca me tinha feito confusão nenhuma).

Aspiro a casa, e dou comigo a desviar a mobília toda para chegar a sítios que nunca me passaram pela cabeça antes (isto é crítico, chego mesmo a tentar desviar o frigorífico....que, já agora, cheguei à conclusão que não consigo).

Vou ao supermercado, e desperdiço minutos (horas?) preciosos dos meus últimos tempos de pura liberdade a examinar com toda a minúcia os produtos de limpeza (chego a ler as letras pequenas....), e de repente dou com o carro das compras cheio de químicos que nunca antes entraram cá em casa.


Está a dar comigo em doida! Por um lado, são pensamentos intrusivos, verdadeiras obsessões (será que estou a desenvolver para aqui uma POC?!). Por outro lado, porque assim que me ponho a executar a tarefa, percebo que sou tola e que estou demasiado cansada para a conseguir terminar.... Já para não falar da barreira física que é a barriga, e que me dificulta tremendamente pequenos gestos, como sejam o ajoelhar, o flectir o tronco sobre as pernas, o subir à cadeira para alcançar qualquer objecto "lá em cima", o permanecer de pé durante mais de meia hora, etc.

E, de repente, dou por mim a encarar a sequência de 5 estadios que vêm descritos nos manuais que ainda há uns dias tentava decorar para acabar a especialidade:

1) Negação - "Eu VOU CONSEGUIR limpar isto tudo na próxima meia hora!"

2) Raiva - "Já passaram 25 minutos, e ainda só consegui limpar este bocadinho, e estou com falta de ar, e dói-me os calcanhares, e tenho a nítida sensação que preciso de me sentar um bocadinho para me recompor?! RAIOS E CORISCOS, sou uma incompetente!!"

3) Negociação -  "Bom, ok, vou-me só sentar 5 minutinhos, e depois venho cá acabar esta tarefa, nem que para isso demore o resto da tarde.... só 5 minutinhos de descanso, e depois regresso ao trabalho. É isso."

4) Depressão - "Já passaram 5 minutos?! BUAH! (choro inconsolável, estilo birra de criança (mesmo). Sim, não tenho vergonha de admitir, porque posso sempre atribuir isto ao meu estado hormonal actual) Mas eu não me quero levantar! Eu não quero acabar a tarefa! Eu quero dormir! Sniff!

5) Aceitação - "Pronto, não sou capaz. Não consigo. Cara-meatde, queres vir aqui ajudar-me a pôr tudo no sítio outra vez?! Sim, eu sei que não limpei, mas não consigo agora, e a casa não pode ficar neste estado ainda mais desarrumado do que estava inicialmente. Eu não presto, e vou ser uma péssima mãe. Mas por favor, ajuda-me agora.... entre os dois, conseguimos por tudo no sítio mais rapidamente...."

E, desta maneira, chego à conclusão que estou a passar pelas fases do luto. Sou, actualmente "rapariga, jovem, solteira e despreocupada". Dentro em breve, serei "Mãe". E, desta maneira, o meu sub-consciente, apercebendo-se desta transição que está para breve, leva-me a este estado de loucura.

Estou a cair em mim.

"Mãe".

.... E de repente sinto uma alegria grande. O meu sub-consciente pode estar em fase maníaca e de luto em simultâneo perante a situação. Mas o meu consciente está bem mais contente, e não consigo deixar de sorrir ao pensar nos tempos que se aproximam, por mais louca que isso me esteja a deixar.

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O próximo passo

A vida é uma aventura feita de momentos transitórios, que se vão transformando em meras recordações. Este blog tem vindo a acompanhar esses momentos, inicialmente de forma muito assídua, depois nem tanto, e por várias vezes pensei em terminá-lo dada a falta de disponibilidade imposta pelo trabalho durante a especialidade e pela pura procrastinação que me assombra desde há uns anos.

Pois bem, o passo da especialidade foi dado. Assim, de um momento para o outro (que implicou 3 exames ao longo dum período de 11 dias) tornei-me especialista. E, de repente, a vida dá uma volta. Parece que não, mas dá. De repente, vejo-me assombrada pela perspectiva de ter 1900 utentes destinados só a mim, e a necessidade de gerir as suas necessidades. Medo. Mas adiante.

No entanto, parece que a vida não dá volta nenhuma porque no dia a seguir a ser especialista voltei a trabalhar na mesma unidade onde trabalhei nos últimos 4 anos, com os mesmos utentes. E parece que não também porque entretanto entrei de férias.

E a razão maior para parecer que não prende-se com o próximo passo da minha vida. O próximo passo, por mais especialista que seja actualmente, não é um passo laboral. É um passo familiar. É acolher o novo membro da família que está para chegar em breve, e isso sobrepõe-se a qualquer responsabilidade laboral de momento.

Desta maneira, a minha vida de momento anda muito atarefada, apesar de estar de férias. A maioria das tarefas têm a ver com fazer malas para ir para a maternidade, decidir marcas de fraldas a usar, montar um mini-quarto mega-fofo em tons laranja e verde cá em casa, organizar as muitas micro-roupinhas que fui angariando ao longo dos últimos meses, e angariar mais algumas (porque, enfim, tenho de mimar a minha filhota que tem sido tão desprezada ultimamente).

No entanto, uma minoria do tempo de férias está a servir para descansar. Nessa minoria inclui-se o tempo dispendido com o blog. Mais uma vez pensei em terminar o blog (como tantas outras vezes ao longo dos últimos meses). Mas desta vez, pensei em recomeçar um novo blog, todo ele virado para a conciliação da vida de recém-especialista com a vida e recém-mamã. Contudo, há algo de mágico que me prende ao Carpe Diem. Este blog tem vindo a ver-me crescer, se bem que ultimamente de longe a longe.

Deste modo, mais uma vez, optei por manter o velho blog a funcionar. Mas espero que agora tenha tempo/temas para o actualizar de forma mais assídua do que tem sido nos últimos anos. Até porque a vida é uma aventura feita de momentos transitórios. E os momentos que vão transitar no futuro próximo são dignos de registo.

:)



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Amanhã

Amanhã serei 1/3 especialista! :)


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A mais ou menos um mês do fim do Internato

Finalmente, o fim do internato. Pus-me a pensar uma vez mais no que isto significa. Anseio por este dia desde o dia em que decidi ser médica - esta altura marcaria a minha vida seguramente. Ser "médica especialista", "médica de verdade", ter "autonomia", "gerir a minha prática", ter "os meus doentes"(....).

Concluo que tudo isto é um bocadinho uma ilusão.

Ser médica especialista - ok. Verdade. Para isto preciso de acabar o internato.

Ser médica de verdade - o que é que isto é? Não fui eu já médica de verdade para muitos daqueles doentes com quem contactei ao longo do internato? Serei eu médica mais verdadeira depois de responder a umas quantas perguntas perante um júri? Serei eu mais capaz de ser médica de verdade quando o dia estiver preenchido com responsabilidades burocráticas que muito ultrapassam o conceito que as pessoas têm do que é ser "médico"?

Ter autonomia - A autonomia é ganha quando se faz o exame de 1º ano durante a especialidade. Acaba-se o curso, pratica-se medicina de forma "tutelada" durante 2 anos, e depois disso, é-se autónomo. Isto quer dizer que posso tomar decisões, e que as consequências das minhas decisões serão da minha responsabilidade. Autonomia não é ganha com a especialidade. Autonomia foi ganha já há uns anitos.

Gerir a minha prática - Felizmente, já não vivemos na época em que o médico trabalhava isoladamente. Hoje em dia, trabalha-se em equipa, e gerem-se serviços e centros de saúde em equipa, tenta-se alcançar objectivos em saúde em equipa. Isto leva a que a gestão da prática seja sobretudo uma questão de trabalho em equipa, e não tanto trabalho isolado.

Ter os "meus doentes" - Sim, está certo. Como médica de família, assino um contrato que põe aos meus cuidados 1900 utentes do serviço nacional de saúde. Contudo, será que esses utentes vão ser mais "meus" do que os actuais utentes que tenho vindo a seguir nos últimos 4 anos? Eu que já tenho saudades daqueles que sei que provavelmente não vou ver nunca mais em consulta, e eles que já me perguntam se quando regressarem em Agosto, será que ainda vou lá estar? "A Dra. já sabe para onde vai?", perguntam. Ao qual eu respondo sempre "De certeza que será para onde eu faça falta". Alguns ficam calados, outros dizem-me que eu faço falta ali onde estou. Não é difícil convencê-los que eles ficam bem entregues à minha orientadora (que é uma médica excepcional, e que os segue há bem mais tempo do que eu. Afinal, desde o início que eu sou apenas "temporária" naquele local). O difícil é convencê-los que eles não vão dar pela minha falta "A gente acostuma-se às pessoas, Dra." Invariavelmente, as despedidas que costumavam ser "Então até Agosto!" agora adoptam um tom mais saudosista "Então boa sorte, Dra. A gente vai tendo notícias pela Dra. Marta." Alguns dão abraços. Posso vir a ter outros utentes, mas estes foram, sem dúvida, os "meus" utentes nos últimos 4 anos. Acabar a especialidade apenas quer dizer que terei utentes novos. Não que terei utentes mais "meus".



Em breve serei médica especialista. Até lá, usufruo dos últimos dias em que sou apenas uma médica interna, "assistente" ou "ajudante" da Dra. Marta.

Vou ter saudades destes quatro anos.

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O nariz mais lindo!

Adorei todos os segundos que durou a ecografia morfológica, tenho de confessar. Desmanchei-me em sorrisos a ver as pernas mais jeitosas, os braços mais bonitos, os 5 dedinhos lindos em cada mão e os 5 dedinhos lindos em cada pé. Vi-lhe o coração a bater, os pulmões a fingir que respiravam, e até a apanhei a chuchar no dedo... do pé!! :) Mas derreti-me ao ver o seu narizinho arrebitado.

A minha filha é, sem dúvida, a mais bonita de todas as meninas.

E tenho dito!

:)

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