Sabem aquelas cenas de filmes? Em que o médico jovem está calmamente a almoçar com um grupo de amigos, quando de repente alguém se sente mal umas mesas ao lado? "Existe algum médico na sala?!", perguntam sempre em pânico. E é o alvoroço, e chega o médico e diz "Dêem-lhe espaço!", observa a tonalidade azul que a pele do desgraçado começa a tomar, saca da caneta BIC da algibeira, desmonta-a ali mesmo, rega o pescoço com um bocado de whisky, e zás! Espeta a caneta algures abaixo da tiróide, fazendo uma traqueostomia improvisada, e de repente tudo está bem novamente. O doente readquire uma cor saudável,chega a ambulância, e todos agradecem ao médico... que, por seu lado, regressa ao seu almoço calmamente. E no fim, o restaurante oferece o almoço ao médico que acabou de salvar a vida a um dos seus clientes habituais.
Pois bem. A realidade não anda muito longe disso. Estava eu muito bem a almoçar calmamente com uma colega (portanto, "jovens médicas" em vez de "jovem médico"), quando de repente alguém se sente mal umas mesas ao lado. Mas na realidade, ninguém se lembrou de perguntar se havia um médico na sala. Na realidade, apenas nos apercebemos que alguém se tinha sentido mal porque saíu um grupo de gente, entre os quais um senhor já com uma certa idade, que chegado à rua foi sentado numa cadeira, e posteriormente deitado. Nenhum alvoroço se instalou, e ficámos na dúvida se deveríamos entrar em cena, decidindo por fim aguardar para ver o que aconteceria a seguir. Quando vimos que o senhor não se levantava, fomos até lá, e começámos a falar com os familiares e posteriormente com o próprio senhor. Aparentemente, já não era a primeira vez que aquilo lhe acontecia, e a família sabia exactamente o que fazer. Já tinham chamado a ambulância, já o tinham colocado em posição lateral de segurança, e o senhor estava com uma coloração normal ("ouf! não temos de dar uso à caneta bic!"), estava a falar, estava taquicárdico, estava diaforético... estava em plena reacção vasovagal. Vimos que estava tudo sob controlo, pusémo-nos à disposição para alguma coisa que fosse preciso, e regressámos ao nosso almoço... agora com novo tema de conversa. E no fim, não nos ofereceram o almoço. (mas na verdade, também não salvámos a vida ao senhor, portanto é legítimo :P lol)
... Mas ainda assim, mesmo sem pânico, mesmo sem instalação de alvoroço, mesmo sem caneta bic, e até mesmo sem ter o almoço pago pelo restaurante (na verdade, foi oferecido pela tal amiga)... Mesmo assim foi um daqueles momentos que marcam, e que, por isso mesmo, tinha de vir parar ao blog.
Hora da sesta
10 years ago
2 comments:
gostava de saber o que fariam se fosse um caso "bic". qual dos doutores faria a tao arriscada manobra salvadora ?
;)
olá pa ti!só pa dizer q gostava d saber quem é essa amiga q tem honras de almoços ctg (e n eu).outra coisa: mandei o meu blog às urtigas q akilo andava um bocado morto.
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