Há uns dias percorria as músicas perdidas nos meus CDs a ver o que é que para lá existia e estava esquecido... Acabei por encontrar um velho CD da Laura Pausini, e num instante lembrei-me desta música. Aaaaah, velhas músicas que servem de banda sonora às memórias que o passado criou! :)
La Solitudine
Um conselho prático
...Quando quiserem começar a praticar jogging ou qualquer outro desporto, NÃO escolham como parceiro de corridas um sargento da gendarmerie... O ego, que ainda há pouco estava tão lá no alto por ter acabado um curso, por ter acabado um mestrado, por... sei lá eu porquê mais!... Mas esse mesmo ego caíu por aí abaixo, quando me apercebi que já não aguentava mais, e o Sr. Gendarme lá continuava na boa e na maior como se ainda nem tivesse começado a correr a sério (se calhar não começou mesmo...)
Mas se a ideia é ter um fim de tarde bem passado, então aí aconselho vivamente. :)
(PS - Amanhã não me levanto da cama....)
Sonhar uma vez mais...
... Pois é, quem diria que as longas conversas sobre o tudo e sobre o nada são ainda melhores quando não há um monitor de computador entre nós?... Mesmo quando se prolongam por noite dentro, entre estradas percorridas por um carro que não quer chegar ao destino, mesmo quando não há nada de jeito a dar na televisão, mesmo quando não há açucar nas prateleiras para dar sabor a um chá, que serve apenas como desculpa para mais uns minutinhos das ditas conversas sobre o tudo e sobre o nada... Mesmo quando o sono se apodera de nós, e somos obrigados a despertar para, enfim, dar a noite por terminada...
:)
Férias
Pois é...
... foi-se a concentração
... foi-se o despertador
... foi-se aquela sensação constante de ter de estudar
... foi-se a indefinição de mestrados que já foram
... aaaaah! É BOM estar de férias! :) Ainda que pequeninas, pois o Harry está à espera! :)
Cresci
Cresci. Muito. Aconteceu nas últimas horas... talvez já venha dos últimos dias, mas o grande pulo foi nas últimas horas. Depois de muitas conversas e longos momentos introspectivos, cheguei a uma conclusão - e decidi partilhá-la com quem mais a merecia ouvir. Que, por sua vez, decidiu ouvi-la, e decidiu dar o seu contributo também. E o resultado - cresci. Muito.
E, assim sem mais nem menos, toda a confusão instalada nestes últimos dias acabou. Terminou. Parece-me que tudo é novamente claro, tudo torna a fazer sentido. E o mundo, embora continue o caos de sempre, pareceu-me estranhamente renovado quando acordei esta manhã. Crescer tem destas coisas.... :)
Fica no entanto o remorso por tudo o que se passou, pela pequena cascata de eventos que levou ao desfecho de há uma semana, e para a qual eu contribui. Mas às vezes, "é preciso errar para se crescer". E eu cresci. Atrevo-me mesmo a dizer, acho que crescemos os dois.
:)
Voltas e mais voltas
Já alguma vez andaram num carroussel? Sempre às voltas, e de tempos a tempos voltar onde se estava... apenas para avançar um bocadinho, recuar outro bocadinho, e voltar a estar onde já se esteve antes...
... Isto é um bocadinho assim. Ora melhora, ora piora, ora volto ao mesmo sítio de onde parti. Fosse isto um romance da Danielle Steel ou do Nicholas Sparks, sem dúvida que esfolhearia o livro até ao fim à procura do final feliz, e lia apressadamente a ver, afinal, como é que tal aconteceu.
Mas no meu carroussel, a situação é diferente. Por mais que procure, não encontro maneira de chegar nem de perto nem de longe a um fim... feliz ou triste, ou simplesmente um fim.
Perdidos (e Achados?)
Sinto-me perdida. Acabou tudo de repente, algumas coisas mais do que outras, mas tudo de repente.
Ainda com as amizades por perto, sinto já alguma da saudade que só vou sentir quando elas se forem.
Acabado um curso, perco-me agora na imensidão de possibilidades que se abrem à minha frente, num "mundo" tão grande e tão vasto que existe neste pequeno Portugal.
Acabada a distância interminável que nos separava, acabaram também as longas conversas sobre o tudo e sobre o nada, instalando-se um silêncio inexplicável que me deixa mais perdida ainda.
Acabadas estas ilusões de vidas traçadas sem grandes dúvidas, apercebo-me agora da grandeza dos dias que se aproximam a uma velocidade atroz, e ainda mais da grandiosidade das hipóteses que eles colocam, esperando apenas encontrar-me a tempo de conseguir tomar decisões quanto ao que eu quero para mim...
Titulos
Mestre (com uma tese de mestrado com 238 páginas! Ena ena! eeeee capa com fiozinhos de seda azul. É muito à frente...!)
Licenciada (aparentemente já há 3 anos, em Ciências da Saúde, seja isso o que for...!)
Dra. (Por extenso, só depois do doutoramento... se é que alguma vez vai existir...!)
Ena... Já são muitos títulos para uma pessoa tão insignifcante no meio de toda a humanidade...!
Desorientada
Sempre tinha imaginado este dia diferente. Acordar no primeiro dia depois de acabado um curso (a realização de um sonho há tanto sonhado!)... Não imaginava encontrar uma casa vazia, não esperava ficar desorientada sem saber muito bem o que fazer, não imaginava que o espírito de celebração fosse, de facto, substituido por um vazio.
Tenho um relatório de mestrado para fazer. É um facto... Mas também não apetece muito sentar-me em frente ao computador e organizar as ideias que nos ultimos dias foram, aos poucos, sendo alinhavadas em documentos de word.
Tenho o Harry para estudar, mas também não apetece lê-lo. Não hoje - parece-me estranho pegar num calhamaço enorme, que ainda tem até Novembro para ser devorado, num dia em que (na teoria) me vejo livre da vida de estudante.
Tenho o quarto para arrumar e limpar, e todas essas coisas próprias das manhãs de Sábado, mas também não apetece muito fazê-lo (eventualmente farei, claro... mas talvez mais para a hora do almoço! :) )
....
Por mais estranho que pareça, apetece-me ir à praia. Isso sim. Sentir o vento, ouvir as ondas, estender-me ao sol e fingir que a vida é perfeita. Enfiar-me no meio de gente bem disposta, jogar à bola, contar umas piadas, comer um gelado... Digo estranho, porque praia não é propriamente o que mais gosto. Mas de facto é o que apetece. No entanto, estamos em plena época de exames, e recrutar pessoal é complicado.
Resigno-me, portanto, a passar a primeira manhã pós-curso a fazer algo desinteressante e inapetecível. Relatório de mestrado ou simplesmente arrastar-me pelos cantos a adiar trabalho... tanto faz.
(...e viva o espírito de celebração que sempre imaginei sentir neste dia...)
Silêncio
Não sei bem se é verdade, mas parece sê-lo.
A realidade só se torna real depois de pronunciada. Até lá, é um misto de irrealidade e mito, que se armazena algures nas profundezas do ser e tenta-se esconder do mundo à volta.
Mas depois de ser posta em palavras, organizadas em frases coerentes, torna-se mais real. Algo palpável, criticável, lamentável e comentável.
Assim... procuro um refúgio num silêncio. Longe das críticas, lamentações e comentários. Aconteceu. E foi assim. E pronto.
E, eventualmente, acabará por passar.
Hino à Alegria
... Porque, de facto, a alegria merece um Hino! :)
E porque a mudança de vez em quando também é benvinda, aqui fica um hino tocado... de um modo diferente! :)
Seja um idiota
Título estranho, não é? Foi o que eu achei também... daí ter lido o texto que lhe seguia! É um pouco "brazuca", mas gostei de o ler. Aqui vai - para os mais sérios relaxarem um pouco, e os mais idiotas sentirem que, afinal, até nem são tão idiotas quanto isso!
Bom Domingo a todos!
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"SEJA UM IDIOTA
A idiotice é vital para a felicidade.
Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins.
No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.
Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.
Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo,soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?
hahahahahahahahaha!...
Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?
É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí,o que elas farão se já não têm por que se desesperar?
Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.
Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa.
Dura, densa, e bem ruim.
Brincar é legal. Entendeu?
Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço,não tomar chuva.
Pule corda!
Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.
Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável.
Teste a teoria. Uma semaninha, para começar.
Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são:
passageiras. Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...
Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!
Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?
A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore,dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!"
- Arnaldo Jabor -
Dedicatórias
Aproxima-se o fim. Agora é que é... 5 dias úteis. Entre livros de curso, fitas e finalização de projectos há muito iniciados, tem sido uma época de muitas dedicatórias e nostalgias. Um dos projectos que está prestes a acabar é o meu passa-tempo de sexta feira à tarde. Aprender a tocar piano era o objectivo inicial, mas no fim aquilo que fica, mais ainda do que as notas aprendidas, é a amizade criada. Decidi, portanto, tentar uma dedicatória a uma grande professora de piano. Acontece que isto correu melhor do que aquilo que eu esperava... e apesar de lamechas, acho que o produto final até ficou bonito. Daí ter decidido partilhar esta pequena dedicatória aqui no blog. Vamos a votos - acham que vai provocar lágrimas? :P
(silverdrop, caxemire, esta pergunta é especialmente dedicada a vocês, por conhecerem a professora em questão! Eu logo direi se acertaram!)
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Quantas tardes, quantas horas,
Durante 9 anos partilhadas,
Foram notas tocadas sem demoras,
Aprendidas entre tantas gargalhadas,
Juntamente com culinária, ciência e alemão,
Muitas tardes de pura diversão.
Desde as tónicas às dominantes,
Sem esquecer as escalas e os harpejos,
Junção de tantos tons consonantes,
Aaaaiii... e os tão sofridos solfejos!
E, claro, não se podem deixar esquecidas
Todas as partituras que foram aprendidas.
Parto agora rumo a outros planos encantados,
Também eles tantas vezes sonhados,
Ainda com o piano de cauda em mente,
Mas dedicando-me agora a curar gente.
Fica no entanto uma grande verdade
Que estas tardes vão ser alvo de muita saudade...
Um beijinho grande à Mena, essa grande artista,
De uma doutora formada, já quase pianista.
Ana
Noites
23:30 - Deito-me com o Harry aberto para chamar o sono e, ao mesmo tempo, tentar desfazer-me de algum peso na consciência.
00:00 - Desisto do Harry. Quem é que consegue ler aquilo deitado numa cama, envolta pelo silêncio nocturno?! Entre bocejos e olhos semicerrados, decido apagar a luz.
00:00:30 - Num cérebro semi-adormecido, formam-se imagens e pensamentos... penso em *ti*, e sinto o coração bater um pouco mais depressa... rapidamente, forma-se um sorriso ténue que a escuridão não permite ver... e os pensamentos continuam.
00:20 - Voltas e mais voltas...
01:00 - Adormeço?
03:00 - Acordo. Olho para o tecto, e fico a ver as sombras que nele se formam... descubro que aquele sorriso com que adormeci ainda se mantém, e, sem dar conta, adormeço novamente.
04:30 - Acordo. Desta vez algo sobressaltada, depois de algum sonho que me perturba, capaz de traduzir algumas das preocupações que recuso enfrentar durante as horas de vigília.
06:30 - Acordo novamente. Um barulho dos pais que acabam de acordar, um cão a ladrar, ou um gato esfomeado a pedir comida logo pela manhã, miando o mais alto que consegue. Apercebo-me que a minha noite está a chegar ao fim. Volto-me para o outro lado, com o sono já leve, e ponho-me literalmente a sonhar acordada. Entre sonhos e dormitações, o despertador finalmente toca.
07:00 - Acabou-se. Logo há mais.
Com noites assim, não hei-de eu andar sem pachorra para as pequenas tormentas do dia a dia?
Estagnação
Declaro que o blog está, oficialmente, em fase de estagnação. Já todos vós devem ter reparado. É algo que salta à vista. Época de exames atrás de época de exames, a cena repete-se - poucos comentários. Para onde foram os leitores? Todos a estudar? Não creio! :) Mas é impossível não reparar nos "0 comments" ou "1 comment" habitual, onde há uns meses havia no mínimo "3 comments", chegando mesmo a haver um post com um "9 comments" escrito no fim! (É o que dá postar filmes a fazer figuras tristes ao piano :) )
O facto é que também os posts não têm sido dos melhores. Confesso que a inspiração, também ela, tem andado estagnada. Algo que acompanha as olheiras das noites mal dormidas e o cansaço dos dias frustrados... é normal, portanto.
Mas que se tome nota do seguinte - caso isto seja uma estratégia muito bem delineada por alguém para pôr fim à tortura que é a leitura assídua deste blog (que, ouço dizer, prende pessoas... e no entanto, temos todos consciência que ele não diz nada que mereça a pena o tempo que se desperdiça a lê-lo... e a escrevê-lo também! Mas quando a alternativa é estudar o Harry... :P ), nesse caso a pequena conspiração "anti-carpe diem" está destinada a fracassar. Pois mesmo sem comentários, mesmo com posts de qualidade decrescente, mesmo sem nada para dizer... a tortura vai continuar!
A vida é cruel. :)
Boas sensações
Hoje poderia postar sobre o dia estupido que foi, as barbaridades cometidas naquela enfermaria, o stress e os nervos que delas decorreram...
... Mas não. Opto por não arruinar mais o meu dia a pensar como traduzir por palavras toda a frustração que se acumula... Em vez disso, posto um texto que me enviaram para ajudar a restituir o meu humor habitual. Para relaxar e descontrair... Afinal, também é preciso de vez em quando! :)
O fim do fim-de-semana
Domingo, cair da noite...
Um dia em que se fez um pouco de tudo - relatório para o mestrado, estudo do Harry para a prova nacional de seriação, slides para o trabalho de pneumonias associadas aos cuidados de saúde, abrir a portada para apanhar um bocadinho de sol, ir até à sala para falar 5 minutos com os co-residentes (e ouvi-los barafustar porque a televisão por alguma razão não lhes obedece...), estar no msn para por a conversa em dia com quem já não se vê há uns tempos e dar explicações a quem está a passar por aquilo que eu já passei, ligar a televisão para ver um documentário sobre a triste vida da Marilyn Monroe.... enfim, um pouco de tudo.
E chega a noite de Domingo, uma vez mais. A duas semanas de ser dra., a muitos anos de saber tudo o que uma dra. deve saber, a décadas da reforma.... mas apenas a minutos de me levantar, esticar um pouco as pernas, e ver se me vejo livre desta posição à secretária, que tanto tormenta os meus fins de semana...
Tenho saudades de Sexta feira à tarde. Aquele momento mágico em que se apercebe que se tem 2 longos dias (e meio!) pela frente, com tempo para tudo!... Domingo, cair da noite, tem destas coisas; tira-nos essas ilusões. Os planos cortados a metade, o cansaço que o (pouco) descanso não conseguiu desfazer, a ideia de que talvez se o tempo tivesse sido melhor aproveitado, a coisa teria corrido de maneira diferente...
... Afinal, para onde foram as 48 horas prometidas Sexta feira? Perdidas entre olhares de olhos vidrados para o vazio durante bloqueios a pensar no que escrever num relatório, levantar-me e olhar pela janela a ver as crianças a brincar na praceta à minha frente, fechar os olhos e simplesmente ouvir aquela música que já há muito não se ouvia... Sim, se calhar o tempo foi desperdiçado.
No entanto, olho para a lista de coisas que tinha para fazer, e contento-me a aperceber-me que apesar de muitos itens terem ficado por riscar, outros tantos apresentam-se já riscados, e estou um bocadinho mais perto do meu objectivo final.
Domingo desperdiçado? Acho que não. :)
Hipocrisias
Basta de hipocrisia! Chega!
Está em todo o lado, caramba! Desde os falsos sorrisos, que deixam transparecer o que fica por ser dito, as simpatias traídas pela expressão do rosto, os tons de voz forçados... até às reformulações de códigos deontológicos que deixam a necessidade de preservação da vida humana ao critério de cada um...
O famoso artigo 47 vai (inevitavelmente) ser alterado.
"Código deontológico - artigo 47.º
1. O médico deve guardar respeito pela vida humana desde o seu início;
2. Constituem falta deontológica grave quer a prática do aborto, quer a prática da eutanásia;
3. (...)"
Que tinha de ser alterado, é um facto. Afinal, quando a lei diz uma coisa, e as "leis morais" exigem outra, é porque algo não bate certo... Mas ao menos que alterem a coisa de modo sensato! Pareceu-me ouvir dizer nas notícias (mas não posso garantir... afinal, havia conversa animada à mesa, barulho de talheres a bater contra pratos, cães a ladrar, gatos a miar...), que a alteração efectuada deixaria este ponto em aberto, "ao critério de cada médico".
Não entendo a ética desta ideia. Não consigo perceber... Quando a deontologia é deixada ao "critério de cada um", de que serve existir? "Ah, só é deontologicamente incorrecto caso você não concorde com o aborto.. agora, se você é a favor, faça, sem qualquer peso na consciência, porque nese caso deixa de ser deontologicamente incorrecto!"... a sério que não consigo perceber... Melhor ainda será averiguar se existiu falta deontológica grave, punível, ou se tal não existiu, apenas com base numa pergunta simples - "É a favor do aborto?" (pobre daquele que tiver contribuido para um aborto, e responda "não" a esta pergunta!)
Se calhar estou a simplificar demais as coisas, certamente não se passará desta maneira. Posso até ter percebido mal... Mas ainda assim, com ou sem alteração do código deontológico, com ou sem leis que contribuem para a crescente irresponsabilidade humana, a grande verdade que permanece é que, realmente...
... Longe vão os dias em que o famoso "primum non nocere" estava à cabeceira de cada gesto praticado.
O Catéter de Swan-Ganz
Cateterizar a artéria pulmonar é algo que aparece com alguma frequência no Harry. Hoje, por qualquer razão (talvez este meu gosto retomado pela cardiologia) fez-me pensar - mas como raio é que isso se faz?! - quando me cruzei com mais uma indicação para efectuar tal procedimento.
Eis a imagem que me deu a resposta... E eu pergunto - is this cool or what?! :)
"Cardióloga"
Lembro-me, há muito muito tempo, antes de ter visto os horrores do capítulo de cardiologia do Harry (palavra de honra que se aquilo é inglês, eu preciso de férias, pois para mim é incompreensível!), antes mesmo de ter entrado para o curso, que o grande objectivo era "entrar para medicina, e especializar-me em pediatria ou cardiologia". Mas isso foi há muito tempo. Quando olhar para crianças me fazia sorrir (coisa que não se perdeu ao longo do curso), e quando pensar num órgão tão poético como é o coração me fascinava...
Quando tive cardiologia, aquela primeiríssima aula no 5º ano, sentada num anfiteatro juntamente com apenas 2 ou 3 colegas mais (um exame aproximava-se, e a malta estava a estudar), o fascínio pelo coração aumentou. "Wow!", pensei eu. O professor era genial, daqueles que dá gosto ouvir, pois o entusiasmo e o verdadeiro gosto pela profissão se tornam contagiantes! Depressa dei por mim a vibrar com aquelas matérias. Os "lub-dubs" cardíacos, os "luuffff-dub" dos sopros sistólicos, toda aquela sinfonia de sons imitados... Simplesmente Wow!
Mas o estágio prático revelou-se fraquito. Metade da equipa de médicos estava de férias, culminando com grande grupos de alunos encostados a paredes (certamente não cairiam enquanto houvesse alunos de medicina a segurá-las!) a "aprender" toda a magia daquele orgão - isto acabou inevitavelmente por lhe tirar a magia toda. As aulas teóricas ainda valiam a pena, mas as práticas, se existiram, eu não dei por elas passar.
E hoje, encontro-me no fim de um curso sem saber nada que preste de cárdio. Entristece-me, mas a tristeza é superada de longe pela frustração que é olhar para páginas de cardiologia do Harry e tentar decifrar o que eu suspeito ser indecifrável.
Mas hoje, num momento de menor lucidez, talvez, deram-me um tratado de cardiologia. Assim... "Ah, já tenho este livro... alguém o quer?", pergunta um interno. Inevitavelmente aceitei... e vim no comboio a esfolhear, a absorver aquelas imagens de corações pintados, e ECGs traçados... e novamente, aquele Wow! inicial foi substituindo a fobia cardiológica que se foi instalando ao longo das leituras do Harry.
Dizem-me que eu seria uma excelente Clínica Geral (especialidade que agora encanta os meus dias!). Mas também há quem diga que, se eu tiver boa nota no exame de acesso à especialidade, acabarei por escolher outra coisa qualquer. Eu digo prontamente que não, que o internamento me satura, que as consultas é o que eu mais gosto, que o facto de seguir doentes de todas as idades, e acompanhá-los na evolução das suas vidas é realmente o que mais me fascina.
... Mas hoje, ao ver aqueles capítulos enumerados num índice de um tratado de cardiologia despertou novamente o fascínio que ainda existe pelo coração. Talvez não considere tirar a especialidade de cardiologia (afinal, penso que um bom cardiologista deve ao menos COMPREENDER o capítulo de cárdio do harry!), mas não tenho dúvidas que o meu novo livro vai ser lido com um interesse que não encontro para ler outros que tenho pousados na prateleira, à espera de atenção...!
Surpresa
"Então, e já sabes quando ele cá vem?"
Esta pergunta ouve-se com muita frequência. Esboço um sorriso semi-envergonhado, e lá vou respondendo vagamente. Porquê vagamente? Nem eu sei muito bem... acho que o vagamente acaba por desencorajar a pessoa de continuar conversa, e assim ganho algum controlo sobre o misto de emoções que se aglomeram todas ali, no mesmo espaço, tempo e pessoa.
Quando é que ele cá vem, então? Também eu gostava de saber... aponto para uma data indefinida algures nesta página de calendário. "É surpresa", é a resposta que recebo quando eu próprio faço a pergunta. E eu vou contando os dias, em contagem decrescente sem prazo definido.
E, enquanto isso, vou-me entretendo a sonhar acordada aqui e ali, a pensar nos momentos que já foram, e a fazer planos para os que ainda estão por vir. Dou por mim a sorrir sozinha, enquanto faço as coisas mais banais. Com vontade de apressar a passagem do tempo, e ao mesmo tempo com algum nervosismo face ao momento que está prestes a chegar.
....
Once in awhile,
Right in the middle of an ordinary life,
Love gives us a fairy tale.
~ Anonymous ~