... mais minuto, menos minuto.
A mãe aquecia a sopa para o filhote. O filhote estava surpreendido pelo chalafrim que se tinha instalado subitamente naquela casa. O pai stressava por todos os cantos, apressando tudo e todos.
E foi mais ou menos assim que tudo começou. Pelo menos, para mim. Deve ter sido por volta desta hora.
... e já lá vão 24 anos! :)
Há cerca de 24 anos...
Reticências
"Há dias de manhã que uma gaja à tarde descobre que não devia ter saído à noite."
Hoje foi um desses dias. Nóia...
Eu
Eu.
Eu, eu, eu, eu e eu. E ainda eu. E mais eu.
E eu.
E, como se não bastasse já, eu novamente.
Eu, eu, eu...
E no meio de tanto egocentrismo, lembro-me de perguntar pelos outros.
EU estou bem.
E TU, COMO ESTÁS?
Maio em tempo de chuva
... Se calhar é do tempo. É isso. Culpar o São Pedro, e satisfazer uma vez mais a caxemire, desperdiçando mais um post sobre este tema tão metereológico. Parece-me um post genial! Há que ter orgulho.
Acontece que ando "adormecida". Os (quase) únicos minutos em que me encontro completamente desperta são aqueles logo a seguir ao duche matinal, em que saio da banheira a cantarolar uma música qualquer alegre. A partir daí, é a desgraça... Começa a instalar-se o sono que traduz o cansaço da noite mal dormida, do trabalho acumulado, das viagens... e traduz também este estado meio hipnótico gerado por este tempo. Chuva... em finais de Maio - onde é que já se viu?! Se eu quisesse clima tropical, mudáva-me para os trópicos, caramba! Ao menos lá sempre desfrutava de praias paradisíacas. Mas não, estou em Lisboa - quero clima típicamente lisboeta. E isso engloba dias de Sol já quentinho em Maio. É pedir assim tanto?
Tudo cá em casa anda adormecido. São os gatos que não dão meia para a caixa, é o cão... quer-se dizer, o desmiolado do cão provavelmente nem se apercebe que está a chover (!!), portanto esse não conta. Tem um cérebro demasiado pequenino para ser atingido por estes estranhos fenómenos da natureza!
... São os pássaros, é o pai... só não são os peixes, porque de facto esses já não existem por estas bandas.
Tudo anda de olhos semi-cerrados cá por casa. Até eu. Especialmente quando a noite é passada com o Harry, em vez de ser "desperdiçada" (ou não!) em conversas que só fazem bem ao espírito. E que me acordam e mantêm-me acordada, e permitem-me estudar mais um pouco assim que acabam. Ou isso, ou então ficar a sonhar acordada, docemente perdida nos meus pensamentos, sorrisos e suspiros.
Seja qual for a opção, a verdade é que fico acordada durante essas conversas. Muito. Com um ar feliz e refrescado.
No entanto, hoje tal conversa não existiu. E está a chover. E estou sentada à secretária. E tenho o Harrison's aberto à minha frente. E estou a 3 páginas do fim do capítulo da cirrose. E queria acabar isto hoje.
... E tenho sono.
Maldito Maio chuvoso, que arruina os planos de estudo a uma pobre estudante de medicina!!
Sim, é tudo culpa do tempo. Sem dúvida.
Nostalgia (novamente...)
Pois é, sentimento frequente dos tempos que correm. Parece que o tempo nos foge, os dias ultrapassam-se uns aos outros, a ver se chegamos mais rapidamente à meta, seja ela qual for. O atraso no estudo começa a ser notório, mas mais preocupante são as contas que se começam a fazer....
... Se por um lado estamos a 7 semanas do fim, por outro lado estamos também a 7 encontros do fim. Sete... Número simbólico, segundo quem percebe de simbolismos. E a partir de amanhã, serão apenas 6. Pois apesar de ainda termos 7 longas (ou curtas?) semanas pela frente, a verdade é que, estando longe uns dos outros, os encontros se dão apenas às quartas feiras. Numa aula. Onde mal nos falamos, porque quando acaba saímos apressados para ir para os respectivos hospitais. Ir ter com os respectivos tutores. Quase sós, apenas acompanhados por um ou dois colegas.
... Ai. E quando acabarem esses 6? O que vai ser de "nós"? Deixamos de existir, sem dúvida. Irá cada um para os respectivos hospitais, mas desta vez sem um encontro marcardo todas as quartas feiras de manhã, numa sala demasiado pequena para albergar tanta gente. Deixará de ser um "nós", passa a ser um "eu". Um "eu" demasiado atarefado a estudar para o exame da especialidade, sem tempo para um café com os amigos, também eles stressados. Um "eu" que faz um exame juntamente com tantos outros desconhecidos, e que no fim se reúne com os velhos colegas para desabafar as respostas impossíveis de acertar. Um "eu" que entretanto arranja emprego nalgum hospital, juntamente com outros "eus" vindos de outras faculdades. Um "eu" que entretanto já quase nem se lembra que um dia pertenceu a outro "nós".
No início, serão recordados com bastante frequência. Mas depois o tempo começará a fazer das suas, e as velhas amizades começam a ser substituidas pelas novas que se vão criando pelo caminho. Os grandes amigos passam a amigos, e depois a conhecidos, entretanto ficam apenas colegas, e chegará um dia em que a recordação apenas deixará um buraquinho pequenino no coração, quando se senta um boccadinho a pensar "o que será feito de fulano ou beltrano?"...
A 7 encontros do fim.
... Ai ....
Famosa !!!
Pois é, chegaram (finalmente!) os dias gloriosos da fama! Eu sabia que um dia iría aparecer nos jornais!
Portanto, isso quer dizer que os meus 5 minutos de fama já foram ao ar? Aos 23 anos?... Bolas, que desperdício de outros 70 anos que ainda pretendo viver! ;)
Para os mais curiosos, podem ler o resumo em linguagem para leigos de um trabalho desenvolvido ao longo de 6 semanas, de dia e de noite, com risos e (pequenas) zangas à mistura. Eis o link do melhor artigo do ano! :P Para os que me conhecem, reparem como o MEU nome apareceu! hehehe! Estou orgulhosa. De mim, e de Nós. Chego até a ter saudades desses dias de encontros no pulido ou em letras, dos mails animados do prof, dos sms com fotos de concertos, do stress de estarmos na véspera e ainda não haver notícias.... aaaaah, bons (???) velhos tempos!
http://jn.sapo.pt/2008/05/26/primeiro_plano/bebes_maos_saber_popular.html
Ena pá, valeu a pena! :) "O Grupo" esmerou-se!
Coisas de Petúnias
(Ainda em dia de baile, mas nada a ver com tal festividade...)
Comprei uma Petúnia. Por razão nenhuma, passei por ela, apaixonei-me, e decidi comprá-la. Isto foi a semana passada. Dada a minha relação um tanto ou quanto de amor-ódio com plantas (eu teimo em comprá-las, elas teimam em morrer, eu teimo em prometer a mim mesma que nunca mais compro nenhuma, eu acabo por comprar outra passados uns meses.... estão a ver o ciclo vicioso que se gera?)... Mas bom, estava eu a dizer que dada esta minha estranha relação com plantas, e uma vez que me apaixonei seriamente por esta Petúnia em particular, decidi cuidar bem dela.
Para tal, nada como recorrer à internet! E foi o que fiz. Durante 10 minutos aprendi todos os "survival basics" das Petúnias. As Petúnias não gostam de muita água, e as raízes facilmente apodrecem em solos impregnados com ela (boa boa! A planta dos meus sonhos, capaz de sobreviver a todos os dias de seca, quando eu, tão frequentemente, me esqueço de a regar!). As Petúnias adoram sol, e querem todo o sol que houver disponível.
E pronto, é assim que sobrevive uma Petúnia feliz.
Esta tarde fez Sol. Lembrei-me logo da minha Petúnia, tal dona babada que sou, e fui colocá-la ao Sol. No terraço, onde ela apanharia todo o Sol que quisesse. E deixei-a lá. Com pouca água, para as suas raízes não apodrecerem. (vêm como eu sigo as regras à risca?!)...
... Mas deu-se o imprevisível! As regras básicas de sobrevivência das Petúnias não falam no factor vento. Mas ele existe, anda por aí... E foi precisamente ele que pegou na minha petúnia e a levou para longe. Muito longe... Agora tenho um vaso. Com uma planta verde. Mas sem a flor. Sem a minha Petúnia....
...
Nunca mais compro plantas! :(
(Estão a ver o ciclo vicioso que se gera uma vez mais? ...)
Checklist
Uma data - check
Um vestido - check
Uns sapatos - check
Todos os enfeites necessários - check
Um penteado e maquilhagem a condizer - ainda não check, mas lá chegaremos :)
Uma pochette, com todo o indispensável - check
Uma máquina fotográfica - check
Pilhas CARREGADAS - check
Um carro com gasolina suficiente para conseguir chegar ao destino, mesmo que me perca desalmadamente - check
Um GPS para evitar que me perca desalmadamente - check
Um telemóvel (para caso me perca desalmadamente, apesar do GPS, e fique sem gasolina, apesar do depósito cheio...) - check
O sono de beleza - .... er.... não check? oh well :)
Acho que estou (quaaaase!) pronta para ir para o baile! Hurrah! :)
NOTA: Por motivos meramente geográficos, o "principe encantado" não foi incluído na checklist
Terapeuticamente Falando...
Às vezes é preciso fazer figura de ursa para perceber que se é mesmo burra, e que faz falta estudar. Daí hoje ter posto o grande livro de todo o conhecimento inutil (com o conhecimento útil perdido lá pelo meio...) de parte - estou a falar do Harry, portanto - e regressei às bases. Fui à velha estante há algum tempo abandonada, e depois de enxotar todo o pó e as teias de aranha já estabelecidas (dramatizando, como é óbvio - aranhas são sinal de dinheiro, mas na minha casa não são benvindas!), peguei no velho dossier de terapêutica, no livro de farmacologia, e em 2 ou 3 dossiers de apontamentos de anos anteriores.
... Vamos então dedicar-nos à arte de aprender medicina de uma vez por todas!
Quase
"...embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."
"Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a
desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata
trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda,
quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas
chances que se perdem por medo, nas ideias que nunca sairão do
papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida
morna; ou melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos
sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia",
quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor,
sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os
dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas
amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao
alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente
paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é
desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores
impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo
impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando,
vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo,
quem quase vive já morreu."
- Luiz Fernando Veríssimo -
O primeiro banco
Sobrevivi ao meu primeiro banco de medicina!
... Ok, pronto, eu admito que o banco até estava calmo, pelo menos no SO. Que foi onde eu fiquei. Com uma sala de SO única e exclusivamente para MIM! Qual andar atrás do médico, qual quê!
"Dra, o senhor da cama não sei quanto está assim assim e assado. O que é que sugere?" perguntavam as enfermeiras.
"Bom, talvez isto...?" dizia aqui a "dra" um tanto ou quanto a medo, esperando não estar a contribuir para aumentar a taxa de mortalidade do país.
Mas foi genial! Não é assim tão crítico - em precisando, sabia sempre (ou pelo menos quase sempre....) onde achar alguém com pelo menos mais um ano de experiência do que eu (ena!). E diga-se que os doentinhos que me foram entregues eram tudo menos "críticos", alguns sendo internados com suspeita de enfarte agudo do miocárdio (vulgo ataque cardíaco) sem qualquer suporte electrocardiográfico ou laboratorial (falando com o doente, ele diz-nos "bom, senti esta dor no peito, mas agora já estou bem... posso-me ir embora, Dra?").
Outro doente tinha uma erisipela. "Doente simples", pensei eu, e fui tratar de o observar para deixar tudo registado no diário clínico do SO. "Despacho este rapidinho..." - grande erro. Primeiro, tive de ouvir a história toda dele, que estava mais preocupado em dizer-me como a filha se tinha formado em direito, e o filho em engenharia, do que propriamente falar sobre as suas patologias. Depois, à observação, disse-me vezes sem conta que a perna já não estava inchada (apesar de estar o triplo da outra, com uns sinais inflamatórios pouco convidativos....). "Acha que amanhã já posso ir para casa? Mas já posso dar uns passos, não posso?"... A meio da observação, sou interrompida pela enfermeira aflita que diz que durante a noite, o doente teima em acordar e insultar tudo e todos os que o rodeiam (olha a famosacoprolália que vem nos livros!!), dizendo depois que não se lembra de nada. Ora, "o meu professor de psiquiatria avisou-me sobre estes casos!" pensei eu, enquanto fui encontrar alguém que me passasse 5 mg de haloperidol para dar ao meu doentinho "insultão"... Senti-me competente - a minha primeira prescrição com 100% de certezas! :) Ou vá, 80% de certezas, que quando finalmente encontrei um médico, a minha sugestão terapêutica saíu mais em tom de pergunta que em tom de afirmação.
Outro caso curioso, mas desta vez não minha doente, foi uma senhora já velhota que recusava tomar o comprimido que a enfermeira lhe dáva. Dizia só o fazer se fosse um médico a dar. A enfermeira foi chamar-me. A mim, com esta carinha de quem ainda nem saíu do secundário. Claro está que a doente não foi na conversa à mesma. Disse-me que não era médica (bom, nessa parte ela nem se enganou muito!), que eu tinha "cá uma lábia!", que estávamos todos ali para lhe fazer mal, que queria ir para casa, etc etc etc... Quando questionada se só os velhotes gordinhos e com barba branca é que podiam ser médicos, ela riu-se, dizendo que eu não o seria certamente. Enfim. O que nos vale é que toda esta conversa deu para que o comprimido se dissolve-se na boca. Hmmmm, será que faz efeito se for dissolvido na boca em vez de ser no estômago?....
Eu até continuava com os doentes, mas acontece que o post já vai grande.
Aqui a ideia é simplesmente: Sobrevivi ao meu primeiro banco! :)
Ah, esperem... contei-vos do doente de 80 anos que, às 23:30 da noite decidiu ir cortar as suas unhas (garras?) dos pés, já amaralecidas, com um alicate que fazia com que as unhas voassem por todo o SO? ....
Benção das Pastas / Queima das Fitas
"Invoco em mim recordações
Que não têm fim dessas lições
Frente ao jardim do velho
CAMPO DE SANTANA"
Há dias que nunca se apagam das nossas memórias, e que são recordados com bastante frequência, seja pelos reencontros, seja pelas fotografias, seja pelo simples facto de olharmos para um velho dossier já gasto de tanto tempo passado a estudar o seu conteúdo. Vêm à memória velhas recordações dos risos partilhados e das lágrimas derramadas nestes dias, que são tão especiais.
Hoje, foi um desses. Obrigado a todos os que participaram nele! Ajudaram, de uma forma ou de outra, na fabricação de mais uma recordação feliz!
O stress do fim
Faz-se tarde. Quer-se dizer... não é propriamente tarde. 23:06 devia ser "cedérrimo" segundo os parâmetros de uma gaja de 23 anos. No entanto, mais uma vez estou aqui KO, com o espírito de uma velhota de 90 anos, que só pensa na hora de ir para a cama.... Será isto normal? Pior do que isso é a consciência de que mais um dia passou, e este ainda pior que os precedentes - enquanto nos últimos dias ainda peguei no harry, quanto mais não fosse para o transferir de um canto da secretária para o outro, hoje nem o vi. Está numa divisão da casa onde nem sequer entrei... E o pânico, as borboletas na barriga, as unhas (!! voltei a roê-las, é verdade....)... aaaaaaaaiiiiiiii....
O dia começou chuvoso. Feio e cinzento, com chuviscos aqui e ali, que em alturas pareciam prenunciar um dilúvio iminente. Cheguei ao fim dum árduo dia de trabalho de enfermaria, onde, curiosamente, saí de lá consciente que, feitas bem as contas, não tinha feito quase nada (apesar do cansaço sentido às 5 da tarde, quando saí porta fora de guarda-chuva em mão convencer-me do contrário!!)... fiz pouco, e a ritmo e passo de caracol, devido a engonhanços dos "superiores". Enfim. Sabendo que o banco que se avizinha (é já na segunda à noite!) promete um completo e total abandono pelos já licenciados, deixando o mero do estudante à deriva entre doentes com patologias saídas do arco da velha, dirigi-me à Bisturi (essa bela fonte de conhecimento!) com intenção de comprar algo que 1) coubesse no bolso e 2) me ajudasse a superar o tão temível banco. Encontrei um livro sobre urgências médicas, que cabia no bolso, e que de facto me parece genial. Agradecendo a todos os deuses (e também aos autores!) por tal pequeno milagre posto sobre a face da terra, fui para casa feliz. Convencida que ía finalmente chegar um pouco mais perto do fim das hepatites virais (harry....), que já andam a ser arrastadas desde domingo. Tal não aconteceu.
Chego a casa, deparo-me com toda a família para jantar (irmão em casa significa jantar longo e comprido). Pior (ou melhor!) - ttrouxe mais 7 emblemas para coser na minha capa! Os emblemas são giríssimos, mas tal surpresa traduziu-se num passar o resto da noite a coser emblemas (ainda só vou a meio). No meio do desespero entre linhas e agulhas (costura NÃO é para mim!), fartei-me, desisti, e fui antes colar fitas na capa. Ao menos essa ultima tarefa ficou completa.
E pronto... cheguei aonde me encontro agora. Com as hepatites tal como estavam antes, com mais 4 emblemas cosidos (e 3 por coser....), e uma capa cheia de fitinhas amarelas e verdes, que me faz lembrar uma omelete de salsa sempre que olho para lá. E um cansaço que supera de longe as olheiras já estabelecidas (começo a suspeitar que estas já não saiem mais...).
Ai.
Chegar ao fim de um curso custa muito! :D Quase mais que o fazer de uma ponta à outra. Mas a felicidade sentida compensa tudo isto.
... Eu sei que vou ter muitas saudades desta semana em particular. Não é todos os dias que se vê nos actos e nas palavras de outras pessoas o quão orgulhosas elas estão de nós. No entanto, devo confessar que neste preciso momento o que mais quero é conseguir sobreviver a tudo isto!!! :)
ODE V
UMA ODE DE LOUVOR (quem diria?! um título que cabe numa linha!!!)
(ehem - limpar a garganta)
Nestes dias que correm desalmadamente,
Em que passo pelo processo de recolha das fitas,
Surge, numa delas, após um olhar mais atento,
Um desafio (!!), entre outras palavras escritas.
Um colega (e amigo!) escritor,
Pedindo desculpas por uma alcunha dada,
Exige "uma Ode de Louvor"
A ser, aqui no blog, publicada!
Ora, não podendo ficar indiferente,
Comecei logo a pensar no que escrever.
Saíu este poema um tanto ou quanto decadente,
Mas hey! Sempre serve para entreter!
É verdade que de Ode nada tem,
Pelo menos por enquanto... paciência!
Está na hora de tentar ir mais além
E procurar saciar tamanha exigência.
Ó grande colega (e amigo!)
Que com alcunhas e desafios me premeias,
Aproveita bem o futuro, que já vai sendo garantido,
Pois ele é fruto dos pequenos (grandes!) esforços que semeias!
Ouf! E depois de tal esforço aqui demonstrado,
Quase sobrehumano, atrevo-me mesmo a dizer,
Vou-me dedicar ao Harry, ultimamente tão ignorado,
Pois na verdade, tenho mais que fazer!
Espero, caro amigo, que isto te sirva como lição,
Desafios lançados jamais serão tomados em vão!
- "A CORTES" -
Estudo que não o é
Estudar hepatites é mau. É um capítulo longo e chato, onde há já alguns meses, num momento de maior loucura, optei por usar o amarelo para sublinhar... E como ficou ainda mais horrível depois desse meu acto falhado....! Culpo o amarelo, mas se calhar a culpa não é da cor. Pode ser da própria matéria, chata por natureza, ou então do facto de serem demasiadas páginas seguidas sempre a "mastigar" sobre os mesmos assuntos. Pode ser por isso, de facto.
Mas neste momento, julgo ser por outra coisa ainda. Os dias vão passando, e a falta de notícias deixam-me num estado em que raramente me tinha encontrado antes. Os pensamentos são dominados pelas questões, nunca respondidas, e o tempo vai passando, comigo a olhar para o vazio. Onde estás? O que estás a fazer? Porque não respondes?... A preocupação ganha um novo tom, e a saudade uma nova forma....
... E quando dou por mim, já outra tarde passou, já outra noite se instalou e vai passando... E eu continuo algures na mesma página onde comecei. Estudar hepatites é mau. Mas estudar hepatites quando hepatites não é o que ocupa a mente é pior. Transforma-se num processo demorado, permanecendo tão longe do fim como quando comecei.
Isto não pode continuar.
Blog aos Soluços
Quem passa por aqui regularmente, inevitavelmente nota que o blog anda, de facto, "aos soluços". Os posts são breves, limitando-se por vezes a escrever o que foi já escrito por outras pessoas. Reflexo da falta de imaginação que me tem acompanhado nestes últimos dias. Será efeito do tempo? (Pois é, caxemire... o tempo volta a entrar num post!) Verdade seja dita que este frio em tons cinzentos, em pleno Maio, não convida muito à imaginação... Ou será este o resultado de uma mente atrofiada após longas horas de estudo, com avanços e recuos, mas sempre debruçada sobre o mesmo livro, variando apenas as palavras impressas em cada uma das páginas lidas? ... Ou, talvez, atrevo-me até a dizer, seja simplesmente o resultado de saudades que começam a ganhar tom de preocupação ...
Saudade. Eis uma palavra curiosa, apenas pronunciada em português (e em galego, segundo me informa a wikipedia). É também na wikipedia que encontro uma definição curiosa para o termo:
"The famous saudade of the Portuguese is a vague and constant desire for something that does not and probably cannot exist, for something other than the present, a turning towards the past or towards the future; not an active discontent or poignant sadness but an indolent dreaming wistfulness."
- A.F.G Bell -
Indolent dreaming wistulness. Até dá um toquesito romântico à palavra...
Citação
"Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim."
Xico Xavier
Pequena (grande!) mensagem
"Nunca percas esse sorriso. Sorri sempre, mesmo que o coração esteja triste...."
Obrigado, mamã! :)
E, para variar, fitas novamente!
Fitas são coisas giras. São engraçadas de escrever, pois podemos dizer todas aquelas coisas que muitas vezes ficam por ser ditas, revelar aos outros o quanto eles são especiais para nós. Mas são ainda mais giras de receber - ler aquelas mensagens, escritas, de vez em quando, com alma, sentir algo tocar-nos cá dentro... A lágrima já veio ao olhos por uma ou duas vezes. E sorrisos, esses nunca faltam quando nos chega mais uma fita.
Hoje, recebi outra. Mas esta era diferente de todas as outras! Era ilustrada!! :) Fazia lembrar aqueles livros que eu tanto gostava em garota, onde as palavras eram substituidas por imagens... Não viesse esta fita de alguém que considero amiga já desde os tempos em que as letras ainda não passavam de símbolos esquisitos a ocupar bom espaço de papel, que podia ser melhor aproveitada para fazer os benditos rabiscos a que eu chamava de desenhos! Aaaaaiii, bons velhos tempos! :)
... Muito obrigado, Di, pelo sorriso que provocaste ao dar-me uma fita cheia de imaginação!
Outra fita
Hoje vi uma fita. Era diferente. A cor era vermelha. Tinha à mesma o símbolo da faculdade timbrado, mas era vermelha, em vez de ser amarela ou verde. Era para o(a) namorado(a). E decidi comprá-la. Não que alguma vez eu tenha esta fita escrita até à data da queima das fitas. Provavelmente nem a vou colocar na pasta nessa ocasião. Vou guardá-la, numa gaveta, para ser entregue depois. Algures no futuro. Pois quando eu vi aquela fita, lembrei-me daquele nosso primeiro passeio juntos, na praia, de mãos dadas... Lembrei-me daquele candeeiro que se apagou quando passámos por baixo, na ida, e voltou a apagar-se, na volta. Lembrei-me dos risos todos em torno dessa situação, de todas as conversas em torno desse acontecimento peculiar, ali, naquele dia quando nos conhecemos. E deu-me um ataque súbito de saudades. Daquelas que nos tornam alheios às conversas que nos rodeiam, e nos transportam para um mundo onde estamos sós, perdidos nos pensamentos...
... E, portanto, decidi comprar a fitinha vermelha. E decidi anunciá-lo ao mundo. Talvez por falta de outro assunto para postar. Mas, mais provavelmente, porque hoje as saudades ocuparam grande parte do dia, e postar soubre outra coisa qualquer não faria sentido.
ODE IV
ODE A TODAS AS EDIÇÕES DO HARRY QUE VÃO SAINDO E ATORMENTANDO TODOS OS ESTUDANTES QUE FAZEM EXAME EM OUTUBRO/NOVEMBRO MAS AINDA NÃO SABEM EM QUAL DAS EDIÇÕES PEGAR
(Esforço-me por criar um estilo próprio - chamo-lhe "poesia má com títulos piores")
Oh Harrison's cruel,
Com tão grandes e longas páginas,
Perco-me no meio de tanto papel,
Ao ler-te desfaço-me em lágrimas! ( <- desespero, portanto)
Conheci-te ainda eras a décima quinta,
Mas muito em breve decidiste mudar,
Ganhaste cores, imagens, "que granda pinta!"
E eras já a 16ª quando te decidi comprar...
Hoje estudo-te, na incerteza,
Pois ainda há pouco alteraste novamente...
És agora a 17ª, que beleza!
...Mas que só serve para dar mais trabalho à gente!
E é assim, com toda esta incerteza no ar,
Que passo os meus dias, simplesmente a estudar....!
- Ana -
Fitas
O curso está estranhamente perto do fim. Apesar do trabalho e do estudo, começamos a dar conta dos dias a passar e a aproximarmo-nos daquela data em que nos vamos olhar pela última vez. A lamechice já se faz notar em algumas conversas, a nostalgia já começa a pairar no ar... o blog, volta na volta, já deixa alguns posts mais sentidos (como este!)... E as fitas começam a chegar.
Hoje chegou-me uma. Com uma pequena citação de Fernando Pessoa que me deixou a pensar. Apesar de corresponder um pouco às minhas expectativas (coisas que tantas separações no passado nos vão ensinando....), não me deixei ficar indiferente, e a querer (muito!) que Fernando Pessoa estivesse errado. Só desta vez...
A citação completa não cabe nas fitas da malta. E muitas delas já estão escritas. E é mesmo um bocado dolorosa demais para ser posta numa fita que vai ser entregue para um dia em que é suposto estarmos a celebrar, não nostálgicos a chorar pelos cantos. Portanto, deixo antes a citação aqui, em vez de a copiar para mais fitas. A todos os amigos, os presentes e os que já o foram, outrora.
Pode ser que um dia nos encontremos todos novamente.
--
Um Dia
Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora,
das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos,
dos tantos risos e momentos que partilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das
vésperas dos finais de semana, dos finais de ano, enfim...
do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja
pelo destino ou por algum
desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe... nas cartas
que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto
se tornar cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo...
Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e
perguntarão:
"Quem são aquelas pessoas?"
Diremos... que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto!
-"Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons
anos da minha vida!"
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...
Quando o nosso grupo estiver incompleto...
reunir-nos-emos para um último adeus de um amigo.
E, entre lágrima abraçar-nos-emos.
Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes
daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a
sua vida isolada do passado.
E perder-nos-emos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não
deixes que a vida
passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de
grandes tempestades...
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem
morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem
todos os meus amigos!"
- Fernando Pessoa -